Autoridades investigam possíveis casos de suicídios envolvendo o desafio ‘Baleia Azul’

“Jogo” com “desafios” atrai adolescentes e jovens que têm, principalmente, problemas de autoaceitação e depressão; segundo a OMS, País é o 11º no ranking mundial de suicídios

Nos últimos dias, o suicídio vem sendo bastante discutido na mídia e redes sociais. O tema está sendo tratado com mais intensidade por conta da grande repercussão do “Blue Whale”, Baleia Azul em português, uma “competição” cibernética criada na Rússia, com “desafios” que vêm atraindo adolescentes e jovens de mundo todo, principalmente aqueles que têm problemas de autoaceitação e depressão.

No “jogo”, após aceitarem convites em redes sociais, adolescentes e jovens, geralmente entre 10 e 25 anos, são encorajados por “curadores” a cumprir missões e desafios em 50 etapas, como assistir filmes de terror, sair de casa em horários estranhos, evitar diálogo durante muitas horas, postar em redes sociais a hashtag #IAmWhale (eu sou uma baleia), furar as mãos com agulhas, desenhar uma baleia no braço usando um estilete e, na última delas, tirar a própria vida. Autoridades policiais investigam casos de suicídios – e também tentativas e mutilações – possivelmente relacionados ao Baleia Azul em pelo menos oito estados do País, até o dia 19 de abril.

Para André Assunção, psicólogo do Hapvida Saúde, os indivíduos que entram no “jogo” não só podem ter problemas de depressão, mas também o encaram como uma forma de buscar ajuda e aceitação social. “Os jovens que procuram o Baleia Azul, geralmente, são aqueles que já tiveram ou têm depressão ou outros problemas emocionais e sociais. Além do desejo de se matar, eles acreditam que ao entrar no ‘desafio’, serão aceitos, farão amigos e que em um grupo fechado poderão mostrar quem realmente são. Muitas vezes, é um modo de chamar atenção, de pedir ajuda, pois nem todos chegam a se suicidar”, explica Assunção. Para o psicólogo, a detecção dos participantes do “jogo” permite às pessoas mais próximas, principalmente os pais, entenderem quais problemas esses adolescentes e jovens estão enfrentando e, mais importante, que eles precisam de socorro imediato.

Além do Baleia Azul, a série “13 Reasons Why”, que virou febre entre os brasileiros, também fez com que o assunto ganhasse ultimamente ainda mais visibilidade. O seriado do Netflix, que estreou em streaming em 31 de março, relata a história de uma jovem que se suicida, revelando ao longo de 13 episódios as causas que a levaram a esta decisão.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil aparece em 11º lugar no ranking de países com maior número absoluto de casos de suicídio. A cada 45 minutos, um brasileiro tira a própria vida: são 25 conterrâneos que se suicidam por dia no País. O dado é mais preocupante quando se identifica que o suicídio é a segunda maior causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos, de acordo com a ONG Centro de Valorização da Vida, uma das principais que monitora e estuda os casos no Brasil.

Para Joelina Abreu, psicóloga do Hapvida Saúde, muitos jovens se tornam potenciais suicidas, geralmente, pelo fato de ainda ser um tabu a discussão sobre o assunto. Segundo a especialista, repercutir o assunto de maneira aberta na imprensa e redes sociais pode contribuir para que as pessoas se sintam mais à vontade para relatar os seus problemas com familiares e, assim, obterem ajuda.

Ao contrário do que muitos pensam, a depressão juvenil não é um problema da adolescência. Ela começa a se desenvolver já na infância. Joelina ressalta que é na formação da personalidade que a família mais precisa oferecer suporte e harmonia à formação do indivíduo. “Até os sete anos de idade, em média, formamos o que chamamos de personalidade. Nessa fase, a família precisa oferecer um cenário de conforto emocional e de equilíbrio racional para a criança. Assim, ela vai crescer sabendo lidar com emoções, principalmente, com as frustrações”, finaliza a psicóloga.

Conheça os sinais mais comuns que podem levar ao suicídio

  • Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos
  • Conversas sobre desejo de morrer, de estar sem esperança ou de ser um peso na vida das pessoas
  • Comentários autodepreciativos persistentes
  • Mudanças de humor repentinas
  • Disforia marcante (combinação de tristeza, irritabilidade e acessos de raiva)
  • Comentários sobre morte, sobre pessoas falecidas e interesse por essa temática
  • Perda de interesse em atividades de que gostava
  • Sentir-se isolado
  • Afastamento da família e de amigos
  • Descuido com a aparência
  • Perda ou ganho inusitado de peso
  • Piora do desempenho na escola, no trabalho e em outras atividades rotineiras
  • Aumento do uso de álcool e drogas 

O que fazer?

  • Não deixar a pessoa sozinha
  • Levá-la para um acompanhamento médico e especializado
  • Não deixar armas de fogo, drogas ou álcool ao seu alcance

CURTA NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK!

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*