Exposição no Museu do Ipiranga aborda emergência climática

Uma nova exposição no Museu do Ipiranga, em São Paulo, reflete sobre a emergência climática e as transformações ambientais e sociais no Brasil. Intitulada “Onde há fumaça: arte e emergência climática”, a mostra busca um diálogo entre obras históricas e contemporâneas para questionar os efeitos do modelo de desenvolvimento do país.

Paulo Pinto/Agência Brasil

O olhar da curadoria sobre o acervo histórico

De acordo com o curador Vítor Lagoeiro, a exposição explora as imagens do acervo do museu, que indicam a ocupação do território baseada em latifúndio, trabalho escravo e monocultura. Esses elementos, segundo ele, foram fundamentais para o processo de degradação ambiental no Brasil. Lagoeiro observa que as obras do acervo retratam a exploração dos recursos naturais e apontam para um desfecho de destruição.

A relação com o presente

A exposição traz também uma obra de Jaime Lauriano, “Independência e Morte” (2022), releitura da famosa “Independência ou Morte” (1888), de Pedro Américo. Lauriano substitui os símbolos de heroísmo por representações das tragédias ambientais, como o rompimento de barragens de mineração. Lagoeiro explica que essa obra provoca reflexão sobre as consequências das escolhas de desenvolvimento feitas ao longo da história do país.

Obras em destaque e artistas presentes

Pinturas e fotografias de artistas do acervo, como Benedito Calixto e Henrique Manzo, são expostas ao lado de trabalhos contemporâneos de artistas como Alice Lara, André Vargas, e Davi de Jesus do Nascimento. A curadoria da mostra foi desenvolvida pelo grupo Micrópolis, composto por Felipe Carnevalli, Marcela Rosenburg e Vítor Lagoeiro, em parceria com a equipe do museu.

Divisão temática da exposição

Paulo Pinto/Agência Brasil

A exposição está organizada em cinco núcleos:

  • Monocultura: explora a relação da monocultura com o trabalho escravo e a ocupação do território.
  • Pavimentação: discute a urbanização paulista e a persistência das comunidades.
  • Transbordamentos: aborda o controle dos cursos d’água e seus impactos.
  • Domesticação: apresenta a extinção de espécies como sintoma da crise ambiental.
  • Força geológica: destaca a intervenção humana no solo e o incentivo à biodiversidade e manejo sustentável.

Entrada e duração da exposição

A mostra é temporária e estará em cartaz até 28 de fevereiro do próximo ano. A entrada é gratuita e o Museu do Ipiranga está localizado na Rua dos Patriotas, 100. – São Paulo – SP.

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