Estreia nesta quinta-feira (27) o filme “A Batalha da Rua Maria Antônia”, dirigido por Vera Egito. A obra narra o conflito ocorrido entre estudantes da Universidade de São Paulo (USP), contrários à ditadura, e estudantes do Mackenzie, apoiadores do regime militar, com participação do Comando de Caça aos Comunistas (CCC). O confronto aconteceu em 2 e 3 de outubro de 1968 e resultou na morte do estudante secundarista José Guimarães.
O longa será exibido em diversas capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e Salvador. A pré-estreia ocorre no Cine Brasília, nesta quarta-feira (26), seguida de debate com a equipe do filme.

Conflito histórico inspira ficção
A diretora Vera Egito iniciou a pesquisa do roteiro entre 2008 e 2009, durante seus estudos na USP. O filme, apesar de baseado em fatos históricos, apresenta personagens fictícios. A protagonista é Lilian, uma jovem que ainda não está inserida no movimento de resistência, mas que, ao longo da narrativa, descobre seu papel político e pessoal.
Segundo Egito, o objetivo é usar a ficção para estimular reflexões sobre o contexto social e político do Brasil. A diretora destaca que a discussão sobre a ditadura militar continua atual, especialmente diante de recentes episódios de instabilidade política.
Reconhecimento em festivais
O filme foi premiado em festivais nacionais e internacionais. Recebeu o prêmio de Melhor Filme na Première Brasil do Festival do Rio (2023), Melhor Longa-Metragem de Ficção (Escolha do Júri) no Festival de Atlanta (2024) e Prêmio Especial do Júri no Panorama Coisas de Cinema (2024).
A produção foi filmada em 2022, com um planejamento técnico que incluiu 21 planos-sequência gravados em película de 16 milímetros. Segundo a diretora, o formato exigiu alto nível de concentração da equipe e contribuiu para o resultado final.
Importância histórica e gerações futuras
Para Sandra Lima, analista de comunicação do Centro Maria Antônia da USP, o filme tem papel fundamental para a memória coletiva e para o entendimento da história do Brasil. Ela destaca que iniciativas culturais como filmes e seminários são essenciais para evitar que as consequências da ditadura sejam esquecidas.
O professor da USP Hélio Nogueira da Cruz, que participou do movimento estudantil à época, reforça a importância de relatar esse período histórico às novas gerações. Ele ressalta que compreender o que significou o enfrentamento político de 1968 é essencial para entender os desafios enfrentados hoje.
Faça um comentário