A vacina contra o HPV completa uma década de distribuição gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2024. O grupo prioritário inclui crianças de 9 a 14 anos, para prevenir o papilomavírus humano, que pode causar lesões e vários tipos de câncer.
O Ministério da Saúde pretende vacinar 80% da população elegível. No entanto, apenas 57% do público feminino e menos de 40% do masculino foram vacinados até agora. Mesmo com a vacina disponível nos postos, a adesão está abaixo do esperado.
“O HPV abrange mais de 150 vírus, sendo 12 oncogênicos. Os tipos 16 e 18 estão em cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero”, explica Rebecca Saad, infectologista e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do CEJAM. A vacina também previne outros tipos de câncer, como de vagina, vulva, pênis, ânus e orofaringe, além de verrugas genitais causadas pelos tipos 6 e 11 do vírus.
Para pessoas imunossuprimidas ou pacientes oncológicos, a vacina é distribuída em três doses. Para crianças e adolescentes, é apenas uma dose, facilitando a imunização. Apesar de ser gratuita pelo SUS, muitos jovens não se vacinam devido à desinformação, notícias falsas e movimentos antivacina.
O HPV é transmitido pelo contato direto com pele ou mucosa infectada, sendo a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. O contágio ocorre em atividades sexuais com contato oral-genital ou genital-genital, sem necessidade de penetração.
Uma pesquisa da Folha de S.Paulo para o Ministério da Saúde mostrou que, em 2023, a taxa de infecção por HPV na região anal atingia 52% dos jovens brasileiros entre 16 e 25 anos com vida sexual ativa. Na região genital, o índice era de 58,6%.
“Muitos acham que a transmissão ocorre apenas pelo contato direto com o órgão sexual infectado, o que não é verdade. A vacinação é indispensável para prevenir lesões e complicações”, afirma Dra. Rebecca.
Embora o HPV seja grave, a maioria das pessoas não apresenta sintomas, dificultando o diagnóstico, especialmente entre os não vacinados. A vacinação adequada entre indivíduos de 9 a 14 anos é crucial para a proteção individual e coletiva.
“Acredita-se que nessa faixa etária ainda não haja atividade sexual. Portanto, a vacinação é mais eficaz, protegendo desde as primeiras experiências sexuais e prevenindo a disseminação do vírus”, finaliza Dra. Rebecca.
Onde se vacinar?
Para receber a vacina contra o HPV, crianças ou adolescentes devem ir acompanhados por um adulto até a unidade de saúde pública mais próxima, com um documento e a caderneta de vacinação. Fora da faixa etária do Programa Nacional de Imunizações, a vacina pode ser adquirida em clínicas particulares.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) confirma que a eficácia da vacina dura até 14 anos. Nenhuma vacina é eficaz contra infecções ou lesões já existentes.
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